Vivemos quando criança e não pensamos em nada de nosso futuro. Brincamos, estudamos, temos medo, não temos raiva e nem sentimos indiferença. A infância pode ser a melhor fase de qualquer pessoa. Assim, penso nas criancinhas com família de bons poderes aquisitivos, mas penso também, e conheço algumas, que têm pouco, muito pouco, mas são felizes, se amam, se respeitam acima de tudo.
E nós, e eu?
Tenho uma família maravilhosa, tenho mãe, filhos, até um ex-marido amigo, e tenho netos, saudáveis, cheios de vida, recebendo amor, mas impossibilitados de poderem estar tranquilos, terem uma única direção. Felizes estão, porque quase sempre crianças choram, sofrem num momento, mas não internalizam como nós adultos.
Me lembro quando bem novinha, problemas de pais separados, vivia triste, mas não internalizava os problemas e nem interferia na minha vida diária, pois só os tinha quando apareciam outros que me lembravam dos antigos. Criança é assim!
Tive tudo, mas não tive o melhor, meus pais juntos, felizes, de braços dados com os problemas, mas também com as soluções. E eu sucumbi fazendo o mesmo. Filho exatamente igual.
Que eu passei de bom? Que nós, pais dele passamos de bom para eles?
Que os pais da mãe dos meus netos passaram de bom para ela? O quê?
Será que erramos? Onde? E por quê?
Dói muito, mas dói mais ainda quando isso pode interferir na vida de nossos netos. Aqueles por que sonhamos dar tudo, fazer de tudo para que tenham uma vida tranquila e saudável. E a dor aumenta quando se fazem distanciá-los de nós, avós, aqueles que já viveram outras situações e a experiência nos ensinou muitas coisas para orientá-los. Damos carinho sem cobrar, damos atenção, damos amor, compartilhamos de detalhes que às vezes se passaram despercebidos em nossos filhos quando criancças. Participamos, acolhemos, envolvemos sem sermos possessivos.
Que fazer com esta família quebrada, destruída por deslaços familiares que não fomos nós que diretamente ousamos em dar aos filhos?
Quero compartilhar da vida do meu netinho, aquele que aos cinco meses vinha todos os dias para minha casa brincar, se alimentar, pegar sol, ter carinho e muito amor.
Onde ele está? Dor maior de saber que posso fazer e não me permitem. Por quê?
Que família é essa? Onde erramos todos? Que fazer para estabilizar essa situação?
Preciso de uma resposta? Aliás, não preciso de resposta, preciso dele...